sábado, 3 de maio de 2008

IMPRESSORES NOTÁVEIS - III

ESTIENNE

Esta família de impressores franceses é mais conhecida pela forma latinizada de seu nome Stephanus. Henrique Estienne (ou Henricus Stephanus), fundador da dinastia, iniciou-se na impressão em 1502 e apenas nos oito anos que viveu desde então, publicou mais de 100 edições, entre as quais figuram muitas obras de singular beleza. O seu trabalho incluía obras académicas e bíblicas para a Universidade de Paris, especialmente para a sua faculdade de Teologia, a Sorbonne. Com sua morte, em 1510, a viúva de Estienne casou-se com o principal empregado da firma, Simon de Colines, o qual teve a seu cargo a oficina, até que o primogênito do fundador pôde assumir a responsabilidade de dirigi-la.
Robert Estienne (Paris, 1503 – Genebra, 7 de Setembro de 1559), também conhecido pelo nome latinizado Roberto Estéfano ou Stephanus.


Seguiu a profissão do seu pai e do padrasto, o ofício da impressão. Pouco se sabe sobre o seu grau de escolaridade, no entanto, desde cedo na vida, ele aprendeu o latim, e também aprendeu o grego e o hebraico. Em 1526, quando passou a gerir a prensa que pertencia ao seu pai, Robert já era reconhecido como um erudito de elevado nível linguístico. Embora publicasse edições críticas da literatura latina e de outras obras eruditas, o seu grande interesse dirigia-se para a impressão da Bíblia. Robert Estienne tomou como objetivo pessoal restabelecer o mais possível o texto original da Bíblia Vulgata latina de Jerónimo de Strídon, traduzida no Século V. Imprimiu muitas edições da Bíblia em latim, grego e hebraico. Ficou especialmente conhecido por ter sido o primeiro a imprimir a Bíblia com a inclusão de capítulos e versículos numerados.

Estienne introduziu também muitas outras particularidades bastante inovadoras para o Século XVI. Ele fez distinção entre os chamados livros apócrifos e os considerados canónicos. Colocou o livro de Actos dos Apóstolos depois dos Evangelhos e antes das cartas do Apóstolo Paulo. No alto de cada página incluiu algumas palavras-chave para ajudar o leitor a localizar passagens específicas. Este foi o mais antigo exemplo do que hoje se chama títulos corridos. Em vez de usar os caracteres góticos, complexos, originários da Alemanha, Estienne foi um dos primeiros a imprimir a Bíblia inteira em fontes romanas, mais finas de mais fácil leitura, hoje de uso comum. Ele forneceu também muitas remissões recíprocas e notas filológicas para ajudar a esclarecer certas passagens bíblicas.

Muitos nobres e prelados apreciavam a Bíblia de Estienne, porque era melhor do que qualquer outra edição impressa da Vulgata. Em matéria de beleza e utilidade, a sua edição tornou-se padrão e foi rapidamente imitada por toda a Europa.

A inovadora engenhosidade e a habilidade linguística de Estienne não deixaram de ser notadas por Francisco I, Rei de França. Estienne recebeu o honroso título de Typographus regius, ou seja, "Tipógrafo Real", permitindo-lhe traduzir e imprimir obras em latim, hebraico e grego. Nessas funções, Estienne produziu algumas das que até hoje são consideradas verdadeiras obras primas da tipografia francesa. Em 1539, começou a produzir a primeira Bíblia hebraica completa impressa na França. Em 1540, introduziu ilustrações na sua Bíblia em latim. Mas, em vez das usuais apresentações fantasiosas de eventos bíblicos, comuns na Idade Média, Estienne forneceu gravuras instrutivas, baseadas em evidência arqueológica, ou em medidas e descrições encontradas no próprio texto bíblico. Estas gravuras xilográficas retratavam em pormenores assuntos tais como a Arca da Aliança, o vestuário do Sumo Sacerdote de Israel, o Tabernáculo e o Templo de Salomão.
Três dos filhos de Robert Estienne, Henry, Robert e François, tornaram-se tipógrafos ou impressores famosos. François, o terceiro filho, nascido em 1540 possuía a sua própria tipografia em Genebra, entre 1562 e1582, imprimindo numerosas edições da Bíblia em Latim e Francês, bem como algumas obras de Calvino. Alguns escritores franceses identificam-no com um tipógrafo de apelido Estienne, existente na Normandia para onde François alegadamente emigrou em 1582.

Robert, o segundo filho (1530–1570), começou o seu trabalho em Paris, por sua própria conta em 1556, e em 1563, tal como havia acontecido com o seu pai, recebeu o título de Typographus regius ou Tipógrafo Real. Envolveu-se especialmente na impressão de obras civis, não religiosas. Manteve-se fiel à Igreja Católica, recebendo assim o apoio de Carlos IX, conseguindo assim, por volta de 1563, restabelecer a tipografia do seu pai em Paris. A reimpressão que efectuou do Novo Testamento editado anteriormente pelo seu pai, similar em qualidade e elegância, é agora extremamente rara e valiosa.
Seu irmão, Charles Estienne (1504-64) era médico e docteur-regent da Faculdade de Medicina da Universidade de Paris. Escreveu várias obras sobre sua especialidade, que foram publicadas por seu irmaão. Assumiu a direção da imprensa, quando Robert se transferiu para a Suíça. Seus descendentes continuaram a atividade tipográfica até fins do século XVII.
FONTES DO TEXTO E DA IMAGEM:
LITTON:

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