O Livro das Horas é um tipo de manuscrito iluminado comum à Idade Média. Cada Livro das Horas contém uma coleção de textos, orações e salmos, acompanhado de ilustrações apropriadas, para fazer referência a devoção cristã.
Em sua forma original o Livro das Horas servia como conteúdo de leitura litúrgica para determinados horários do dia. Os Livros das Horas estão entre os manuscritos mais belos e ricamente ilustrados da Idade Média.
OS LIVROS DE HORAS DO DUQUE DE BERRY
O mais conhecido e o mais belo entre os Livros de Horas, foi executado, por encomenda do duque, pelos irmãos Limbourg. O duque e os artistas, porém, morreram antes do término da obra, cujas miniaturas exibem, num colorido luminoso, admiráveis representações da vida cotidiana.
Dentre as originalidades da obra, os especialistas apontam a prioridade dada às paisagens, tratadas com um realismo extremo. Pela primeira vez, a paisagem é vista como um motivo independente: as cenas se desenvolvem sob um céu anilado, em contraste com uma arquitetura perfeitamente delineada. É a descoberta do céu como elemento expressivo e, ao mesmo tempo, a descoberta da superfície da Terra como palco onde se desenrolam cenas da vida cotidiana.
Conhecido como O Príncipe dos Bibliófilos, João de França, Duque de Berry (1340-1416), filho, irmão e tio de reis de França, não deixou boa lembrança como político e governante. Mas era um profundo apreciador das artes, e possuía imensa fortuna. Colecionador apaixonado de obras artísticas (colecionava castelos, rubis, avestruzes...) reservava o melhor de seu entusiasmo para os Livros, principalmente os iluminados, que comprava ou mandava copiar e ornar, ele mesmo orientando todas as fases do trabalho, já que dominava os segredos do ofício e era homem de gosto apurado. Reunindo a seu redor os artistas mais famosos da época, conseguiu formar a mais luzidia coleção particular de manuscritos de todos os tempos, que incluía nada menos que 15 Livros de Horas, 14 Bíblias, 16 saltérios, 18 breviários e 6 missais.
Os Iluminadores
Desde o século XII, começaram a instalar-se nas principais cidades européias vários ateliês laicos de iluminura, formados por profissionais que paulatinamente foram arrebatando às comunidades religiosas a edição de manuscritos — pondo fim ao secular monopólio eclesiástico.
As riquíssimas Horas foram pintadas pelos três irmãos Limbourg — Paul, Hermann e Jean, artistas flamengos contratados pelo duque de Berry por volta de 1405. Os Limbourg utilizaram uma grande variedade de cores obtidas através de minerais, plantas ou produtos químicos, misturados com goma arábica para ligar a tinta. Entre as cores incomuns que utilizaram estão o verde íris, obtido esmagando-se flores e massicote (óxido de chumbo), o azul ultramarino, feito de lapis-lazuli orientais triturados. Esta cor era usada para representar os azuis brilhantes. Era, evidentemente, de um valor inestimável! Os detalhes extremamente precisos são característicos do estilo dos Limbourg, que exigia lupas e pincéis finíssimos.
Os quadros apresentados a seguir fazem parte do Calendário das Riquíssimas Horas. Pintado entre 1412 e 1416, constitui a mais bela parte do manuscrito e, certamente, um dos grandes tesouros da França.
FONTES DO TEXTO E DAS IMAGENS:
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